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TYMOTEUSZ KAPOWICZ
( Polônia )
(Zielona, 1921 – Chicago, 2005 )
Poeta, dramaturgo, ensaista, publicou os seguintes títulos de poesia: Zywe uymiary (1948), Kamienna muzyka (19580, Odurócone swiatlo (1972) e Sloke zadrzewne (1990)
POESIA SEMPRE. Ano 15 Número 30 2008. Polônia. Editor Marco Lucchesi. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional, 2008. 178 p. No. 10 381
Exemplar da biblioteca de ANTONIO MIRANDA
O sonho do lápis
Quando o lápis se despe para o sono
feito pedra que decide
dormir rijo
o preto
ajuda-lhe nisso
a inflexibilidade inata
de cada medula do mundo
a medula espinhal do lápis
quebra mas não se curva
nunca haverá de sonhar
com ondas cabelos
só com soldados alertas de pé
o que se põe nele
é reto
o mais é torto
boa noite
Sonho
que coisa terrível sonhou o poeta
para saltar do sonho
feito corça da floresta que arde
a borboleta de sua metáfora
cobriu-o com as asas
e a fechadura descrita
mexeu-se na porta
Tradução de ALEKSANDAR JOVANOVIC (Céu vazio: 63 poetas eslavos. São Paulo:Hucitec, 1996.)
Uma lição de silêncio
Quando uma borboleta
batia suas asa
forte demais, gritavam-lhe:
Silêncio, por favor!
Se um pássaro assustado
roçava a pluma num
raio de sol, gritavam-lhe:
Silêncio, por favor!
Assim os elefantes
aprenderam a andar
sem som sobre o tambor —
os homens, sobre a terra.
As árvores nos campos
se erguiam silenciosas
como os cabelos quando
se eriçam de terror.
Tradução de NELSON ASCHER (Poesia alheia: 124 poemas traduzidos. Rio de Janeiro; Imago, 1998.)
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Página publicada em maio de 2025. |